Memória Epigenética da Obesidade: Como o Corpo “Lembra” o Excesso de Peso e os Desafios da Perda Sustentada

A obesidade, uma condição de saúde pública global, vai além das escolhas alimentares e do sedentarismo. Um estudo recente de Hinte et al, 2024 destacou um fator inovador e preocupante: a memória epigenética do tecido adiposo. Essa descoberta traz novas perspectivas sobre por que perder peso e mantê-lo continua sendo um desafio monumental para tantas pessoas.

O Que É a Memória Epigenética?

A epigenética é o campo que investiga como fatores ambientais e comportamentais influenciam a expressão gênica sem alterar a sequência de DNA. No caso da obesidade, o tecido adiposo pode reter uma “memória” do estado obeso através de marcas epigenéticas, como metilação do DNA, que alteram como os genes relacionados ao metabolismo e ao armazenamento de gordura se comportam.

Como a Obesidade Marca o Tecido Adiposo?

Quando o corpo acumula excesso de gordura, ocorrem mudanças celulares significativas no tecido adiposo:

  • Genes de armazenamento de gordura: Esses genes se tornam mais ativos, favorecendo o acúmulo lipídico.
  • Inflamação crônica: O tecido adiposo em estado obeso libera substâncias inflamatórias que impactam negativamente o metabolismo.
  • Resistência à insulina: Alterações epigenéticas podem contribuir para a dificuldade de regulação da glicemia.

Mesmo após a perda de peso, essas modificações persistem, tornando o corpo predisposto a recuperar o peso perdido – o temido efeito sanfona.

Implicações da Memória Epigenética no Tratamento da Obesidade

A presença dessa memória epigenética no tecido adiposo reforça a necessidade de abordagens multidisciplinares e personalizadas para o manejo da obesidade. Entre as estratégias recomendadas estão:

  1. Dieta equilibrada e anti-inflamatória: Alimentos ricos em fibras, antioxidantes e ácidos graxos essenciais podem modular positivamente o epigenoma.
  2. Atividade física regular: O exercício não apenas auxilia no gasto calórico, mas também promove alterações epigenéticas que favorecem a saúde metabólica.
  3. Terapias farmacológicas inovadoras: Pesquisas em curso exploram medicamentos que possam reverter as marcas epigenéticas associadas ao estado obeso.
  4. Intervenções comportamentais: Mudanças no estilo de vida, aliadas à psicologia e à nutrição, podem ajudar a quebrar padrões comportamentais que contribuem para o efeito sanfona.

O Que Isso Significa para Você?

A descoberta da memória epigenética é um marco na compreensão da obesidade como uma doença crônica e multifatorial. No entanto, não há motivo para desânimo: estratégias cientificamente embasadas podem reverter esses impactos ao longo do tempo. Um acompanhamento nutricional especializado pode ser a chave para criar um plano que considere não apenas a perda de peso, mas também a saúde a longo prazo.

Conclusão

A memória epigenética nos lembra que o corpo guarda registros do passado, mas também é capaz de reprogramar esses caminhos com as abordagens corretas. Se você busca resultados sustentáveis, conte com profissionais capacitados para construir um plano personalizado e cientificamente fundamentado.

Fonte: Hinte, L.C., Castellano-Castillo, D., Ghosh, A. et al. Adipose tissue retains an epigenetic memory of obesity after weight loss. Nature 636, 457–465 (2024). https://doi.org/10.1038/s41586-024-08165-7

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Nutricionista Vanessa Lobato
Nutricionista Especializada em Fisiologia do Exercício pela UNIFESP
Nutricionista Especialista em Fitoterapia pela Santa Casa
Especializanda em Nutrição Esportiva e Obesidade pela USP
Pós-graduanda em Neurociências pela UNIFESP