Microbiota Intestinal: muito mais do que consumir probióticos

A microbiota intestinal é basicamente a população de microrganismos que coloniza o intestino humano. Estima-se que a microbiota humana seja composta por aproximadamente 10^14 células bacterianas, sendo 10 vezes maior que o número total de células humanas.

Como a microbiota se desenvolve?

  • No parto normal: o bebê já recebe as primeiras bactérias do canal vaginal da mãe.
  • Leite materno: fonte de nutrientes essenciais para moldar a microbiota nos primeiros meses de vida.
  • Criança e adulto: relação direta com o consumo alimentar.

Em geral, sua composição é bem diversificada, composta principalmente por bactérias que desempenham papéis importantes no corpo humano, como auxílio na absorção de nutrientes, modulação do sistema imune e proteção contra patógenos.

Sabe-se que mais de 90% da composição bacteriana intestinal é representada por Bacteroidetes e Firmicutes. Os Bacteroidetes modulam o sistema imune intestinal de forma benéfica, enquanto os Firmicutes estão relacionados à indução da inflamação, estando diretamente associados a algumas doenças crônicas.

Estudos recentes indicam que a composição de Firmicutes e Bacteroidetes na microbiota intestinal está diretamente ligada à dieta. O consumo excessivo de calorias favorece o aumento de Firmicutes, que por sua vez facilitam a extração e o armazenamento de nutrientes em maior volume, resultando em uma absorção mais eficiente de energia que pode contribuir para o ganho de peso. Em contrapartida, a ingestão de fibras, frutas e hortaliças cria um ambiente desfavorável para essas bactérias.

Microbiota e Obesidade: Uma Relação Complexa e Influenciada pela Alimentação

A gente já sabe que a alimentação é a chave para uma microbiota intestinal saudável, mas sabia que ela também pode influenciar diretamente no seu peso? Pois é! Estudos mostram que pessoas magras e obesas possuem padrões distintos de microbiota, e isso vai além da ingestão calórica.

Microbiota “obesogênica”: Em indivíduos obesos, observa-se uma prevalência maior de bactérias do tipo Firmicutes quando comparada à de Bacteroidetes. Essa diferença na proporção entre os dois tipos de bactérias pode ter um papel importante no desenvolvimento da obesidade.

Acredita-se que a microbiota obesogênica, caracterizada pelo excesso de Firmicutes, atue numa extração de energia dos alimentos. Isso significa que o corpo absorve mais calorias do que o necessário, levando ao acúmulo de gordura e aumento do peso.

Intestino segundo cérebro

Fibras e Microbiota: Uma Aliança Poderosa para a Saúde Intestinal

As fibras, presentes em abundância em frutas, legumes, verduras e grãos integrais, são verdadeiras aliadas da microbiota intestinal.

O consumo de quantidades adequadas de fibra solúvel, como a encontrada na aveia, maçã, banana e chia, promove o crescimento dos Bacteroides.

Essas bactérias benéficas desempenham funções importantes, como:

  • Produção de butirato: Um ácido graxo de cadeia curta (AGCC) que nutre as células do intestino, fortalece a barreira intestinal e protege contra doenças inflamatórias.
  • Regulação da imunidade: Auxiliam no controle da resposta imune intestinal, evitando inflamações desnecessárias e alergias.
  • Melhora da digestão: Facilitam a absorção de nutrientes e a passagem do bolo fecal pelo intestino.

Os prebióticos, como FOS (frutooligossacarídeos) e GOS (galatooligossacarídeos), também contribuem para a saúde intestinal. Presentes em alimentos como banana, alho, aspargos e aveia, os prebióticos servem de “alimento” para as bactérias benéficas do intestino, estimulando seu crescimento e multiplicação.

Gordura e Microbiota: Uma Combinação que Pode Prejudicar a Saúde Intestinal

Embora as gorduras sejam essenciais para o bom funcionamento do nosso corpo, o consumo excessivo de gorduras saturadas, presentes em carnes vermelhas, frituras e alimentos processados, junto com o alto teor de açúcar e a baixa ingestão de fibras, pode ter um impacto negativo na microbiota intestinal e na saúde em geral.

O que acontece quando exageramos nas gorduras e no açúcar?

  • Proliferação do LPS: O lipopolissacarídeo (LPS) é uma endotoxina que desencadeia diversas vias de sinalização, podendo provocar inflamação e induzir resistência à insulina. A dieta desempenha um importante papel no desenvolvimento da endotoxemia. Entre os fatores dietéticos, destaca-se a ingestão excessiva de gordura saturada, enquanto probióticos, prebióticos, flavonoides e frutanos podem ajudar a reduzir o LPS circulante.

Imunidade e Inflamação: Uma Dupla Influenciada pela Microbiota Intestinal

Nosso intestino é muito mais do que apenas um local de digestão e absorção: ele é também um centro de controle da imunidade. Imagine seu intestino como uma fortaleza impenetrável, protegida por uma muralha chamada barreira intestinal. Essa barreira física impede que patógenos nocivos e substâncias inflamatórias entrem na corrente sanguínea, protegendo o corpo de doenças. A microbiota intestinal é a chave para o funcionamento adequado da barreira intestinal.

O consumo adequado de fibras resulta em um aumento na produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) pela microbiota intestinal, o que reduz o pH local.

Os AGCCs são metabólitos gerados pela fermentação realizada pela microbiota intestinal e têm um impacto significativo na saúde. Os principais AGCCs produzidos são o butirato, acetato e propionato. A diminuição do pH causada pela alta concentração de AGCCs ajuda a prevenir o crescimento de bactérias potencialmente patogênicas. Além disso, a produção de AGCCs pode modular a microbiota intestinal. Algumas bactérias intestinais, como certas Firmicutes, são mais tolerantes a pH mais baixos, enquanto Bacteroides não são.

Carboidratos simples são absorvidos no intestino delgado, enquanto carboidratos complexos, como as fibras dietéticas, sofrem fermentação microbiana no cólon, resultando na produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCCs). Os humanos produzem apenas enzimas carboidrato-ativas (CAZymes) muito limitadas para a degradação de carboidratos e, portanto, dependem da microbiota intestinal para metabolizar indiretamente várias fibras dietéticas. Uma dieta pobre em fibras está associada a um reservatório reduzido de CAZymes na microbiota intestinal.

Considerações finais:

Portanto, a microbiota intestinal está intrinsecamente ligada à dieta alimentar. Além de consumir probióticos para modular a microbiota intestinal, é primordial manter uma dieta equilibrada em calorias, rica em fibras, com baixo consumo de açúcares e gorduras saturadas. Esses hábitos não apenas promovem a saúde intestinal, mas também podem ajudar a prevenir o desenvolvimento de doenças crônicas como a obesidade.

A importância da consulta com um nutricionista:

Um nutricionista especializado em microbiota intestinal pode te ajudar a:

  • Avaliar sua microbiota: Através de exames, identificar desequilíbrios e deficiências.
  • Criar um plano alimentar personalizado: Rico em nutrientes que beneficiam a microbiota e promovem a saúde intestinal.
  • Recomendar suplementos: Probióticos, prebióticos e outros nutrientes que podem auxiliar no equilíbrio da microbiota.

Cuide da sua saúde intestinal e viva com mais disposição e vitalidade!

A nutri Vanessa Lobato: Sua parceira para uma vida mais saudável e com uma microbiota intestinal em equilíbrio!

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Referências: 

  1. Leite materno corrige alterações na microbiota intestinal de bebês – https://jornal.usp.br/ciencias/leite-materno-corrige-alteracoes-na-microbiota-intestinal-de-bebes/
  2. Bibbò S, Ianiro G, Giorgio V, Scaldaferri F, Masucci L, Gasbarrini A, Cammarota G. The role of diet on gut microbiota composition. Eur Rev Med Pharmacol Sci. 2016 Nov;20(22):4742-4749. PMID: 27906427.
  3. Moreira, Ana Paula. Influência da dieta na endotoxemia metabólica. HU rev ; 40(3/4): 203-208, jul.-dez. 2014.
  4. Molz , Hamid A, Franke S. Influência da microbiota intestinal na gênese da obesidade: revisão integrativa da literatura. Saude e desenvolvimento humano. v. 10 n. 1 (2022).

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Nutricionista Vanessa Lobato
Nutricionista Especializada em Fisiologia do Exercício pela UNIFESP
Nutricionista Especialista em Fitoterapia pela Santa Casa
Especializanda em Nutrição Esportiva e Obesidade pela USP
Pós-graduanda em Neurociências pela UNIFESP