HMB – Beta-Hidroxi-Beta-metil-butirato

Quando escrevi sobre o HMB em 2009, de acordo com o American College of Sports Medicine, seu uso não era incentivado devido à falta de estudos. Após quatro anos, surge o novo posicionamento do International Society of Sports Nutrition Position Stand: beta-hydroxy-beta-methylbutyrate (HMB)!

Vamos explorar esse suplemento com algumas informações importantes.

O HMB é um metabólito da leucina, o que significa que não é um nutriente essencial, pois nosso corpo tem a capacidade de sintetizá-lo. Metabólito indica que está mais adiante nas reações químicas em relação à leucina, sendo mais ativo e específico para certas funções.

Fontes alimentares: Alfafa, milho e o peixe bagre.
Sintetizamos uma média de 0,3 a 1g/dia, dependendo diretamente da nossa alimentação.

O que promete: ação anticatabólica

Quais as teorias que justificam o uso do HMB?

O HMB possui três principais mecanismos que justificam seu uso:

  1. Precursor de HMG-CoA redutase:

    • Aumenta os substratos para reparar e melhorar a integridade do sarcolema através da via do colesterol.
  2. Ação na via m-TOR (mammalian Target of Rapamycin):

    • Estimula a síntese protéica diretamente através da ativação do DNA celular.
  3. Inibição da via Ubiquitina-Proteassoma proteolíticas:

    • Inibe a degradação de proteínas intracelulares que, durante o catabolismo, podem causar caquexia.

Ciclo-HMB-Nutri_Vanessa_Lobato HMB – Beta-Hidroxi-Beta-metil-butiratoCiclo HMB

1. Precursor de HMG-CoA redutase:

O HMB é um metabólito da leucina e não um precursor do HMG-CoA redutase. De fato, o HMG-CoA redutase é a enzima chave na biossíntese do colesterol, convertendo o HMG-CoA em mevalonato, que é um precursor essencial para a síntese de colesterol e outros compostos.

O colesterol desempenha papéis cruciais na membrana celular e na estabilização do sarcolema, que é parte integrante das células musculares. Durante o treinamento físico intenso, especialmente quando há dano muscular, a estabilização da membrana celular é fundamental para a recuperação e reparação muscular. A falta de colesterol pode comprometer essa estabilização, potencialmente contribuindo para problemas como a necrose celular.

Portanto, garantir níveis adequados de colesterol é importante para suportar a integridade e função das células musculares, especialmente durante períodos de atividade física intensa e recuperação muscular.

2. Ação na via m-TOR (mammalian Target of Rapamycin):

A via mTOR (mammalian Target of Rapamycin) desempenha um papel crucial na regulação da síntese proteica e no crescimento celular. Aumentos nos níveis intracelulares de leucina ativam diretamente a mTOR, que por sua vez inibe a autofagia e estimula a transcrição e tradução do RNA mensageiro, biossíntese de ribossomos, proliferação celular e organização citoesquelética. Esses processos são essenciais para promover o crescimento celular, aumentando a síntese de proteínas e, consequentemente, favorecendo a hipertrofia muscular.

3. Ação na via-Ub – Ubiquitina-proteassoma proteolíticas:

A via Ubiquitina-proteassoma é uma rota metabólica que consome uma quantidade significativa de ATP (energia) e, quando ativada, promove processos catabólicos que podem resultar em caquexia. Em condições de estresse intenso como câncer, fome ou exercício físico, a atividade desta via tende a ser aumentada. A ação da mTOR na síntese proteica, atuando diretamente no DNA celular, contrasta com a atividade da via Ubiquitina-proteassoma, que promove a degradação proteica.

Embora não esteja completamente esclarecida, há evidências sugerindo que a suplementação de HMB pode ajudar a inibir a ativação da via Ubiquitina-proteassoma. O HMB é conhecido por sua propriedade anti-catabólica, o que é altamente valorizado pelo ACSM (American College of Sports Medicine) por sua capacidade de minimizar o catabolismo muscular e favorecer a recuperação celular durante períodos de estresse muscular aumentado.

A principal função do HMB é fornecer HMG-CoA para a síntese de colesterol e para a subsequente reparação de membranas durante períodos de estresse muscular. Isso é essencial para a recuperação e adaptação muscular, fundamentais para o processo de hipertrofia muscular.

Como mencionado anteriormente, a síntese de HMB pode ocorrer a partir da leucina, mas é necessário um grande quantidade de leucina (20g) para produzir uma quantidade significativa de HMB (1g). Recomenda-se a suplementação de aproximadamente 3g de HMB por dia, ou cerca de 38mg/kg de peso corporal/dia, divididos em três doses diárias devido à curta meia-vida do suplemento.

Recomendações Atuais da International Society of Sports Nutrition, 02 de fevereiro de 2013:

  1. Ação: Há evidências (ainda não conclusivas) de que o HMB inibe a quebra de proteínas e aumenta a síntese de proteínas.

  2. Recuperação pós-treino: O HMB pode ser utilizado para melhorar a recuperação pós-treino, reduzindo o dano muscular.

  3. Melhor momento de consumo: 60 a 120 minutos antes do exercício.

  4. Preparação para competições: O HMB parece ser mais eficaz quando consumido durante duas semanas antes de competições.

  5. Dose recomendada: 3 gramas durante duas semanas antes de um treino intenso que induza danos musculares.

  6. Formas de apresentação: Existem duas formas disponíveis: a) HMB-Ca (ligado ao cálcio), b) HMB-FA (forma livre).

  7. Indicação para idosos: Recomenda-se o uso de HMB para idosos que desejam aumentar massa magra.

  8. Combinação com exercícios estruturados: Quando associado a um programa de exercícios estruturados, o consumo de HMB pode resultar em maiores reduções da massa gorda.

  9. Segurança a longo prazo: O consumo crônico de HMB é considerado seguro tanto em jovens quanto em idosos.

É importante enfatizar que a ação do HMB no organismo é um ponto, enquanto a garantia de que a suplementação produza os mesmos resultados é outra questão. Mais estudos são necessários para validar plenamente suas promessas. No entanto, se a suplementação de HMB atender às suas promessas, teremos um suplemento com grande potencial.

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Nutricionista Vanessa Lobato
Nutricionista Especializada em Fisiologia do Exercício pela UNIFESP
Nutricionista Especialista em Fitoterapia pela Santa Casa
Especializanda em Nutrição Esportiva e Obesidade pela USP
Pós-graduanda em Neurociências pela UNIFESP